BNDES concede empréstimo de R$ 160 milhões a startup que vende créditos de carbono

Confira abaixo o artigo do Globo Rural: https://globorural.globo.com/credito-e-investimento/noticia/2024/08/bndes-concede-emprestimo-de-r-160-milhoes-a-startup-que-vende-creditos-de-carbono.ghtml

Valor foi cedido para Mombak, que pretende ampliar sua operação na Amazônia

BNDES concedeu um empréstimo de R$ 160 milhões à startup Mombak, que vende créditos de carbono a partir de reflorestamento, para ampliar sua operação na Amazônia. Esse é o segundo financiamento a uma empresa privada no projeto “Arco da Restauração”, iniciativa do Ministério de Meio Ambiente e do banco de fomento para barrar o desmate.

“Estamos tratando não de uma ação filantrópica, mas de economia”, afirmou Tereza Campello, diretora socioambiental do BNDES, à reportagem. A operação baseia-se na premissa de que o restauro vai gerar créditos de carbono que serão vendidos no mercado internacional.

Com essa tese, a Mombak, que nasceu há três anos, já captou dívida até no exterior. Em julho, a companhia acertou uma captação com o Banco Mundial, que emitiu mais de US$ 200 milhões em bonds comprados por gestoras internacionais. Desse total, a Mombak recebeu US$ 36 milhões.

Até então, a startup havia captado apenas via negociação de fatias dos projetos de reflorestamento em seu primeiro fundo com investidores, o Fundo de Reflorestamento da Amazônia. Ela atraiu US$ 120 milhões da francesa AXA, do fundo de pensão canadense CPPIB, da Bain Capital e da Fundação Rockefeller.

A primeira operação do BNDES no âmbito do Arco da Restauração foi com a re.green, que também se propõe a vender créditos de carbono a partir da atividade. Em janeiro, a empresa captou R$ 187 milhões com o banco.

Segundo a diretora do BNDES, o banco quer transformar a atividade de restauração florestal em uma indústria nacional estabelecida. “É uma frente inovadora e próspera, que tornará o Brasil referência em restauro”, defendeu. Atualmente, o Fundo Clima tem um orçamento de R$ 400 milhões para apoiar não só restauro, mas também de manejo florestal, produtos da bioeconomia e sistemas agroflorestais.

A injeção do recurso na Mombak permitirá à companhia dar escala às suas operações, além de equilibrar sua estrutura de capital para os próximos voos. “Por sermos um projeto de capital intensivo, demandamos uma parcela relevante de dívida, e é isso que estamos construindo com o BNDES”, afirmou Luiz Barros Filho, diretor financeiro da Mombak.

O capital servirá tanto para a compra de fazendas com pastos degradados como para aplicar no reflorestamento. De acordo com Peter Fernandez, cofundador e principal executivo da Mombak, em geral o volume de dinheiro para se adquirir uma área na Amazônia é similar ao que é necessário para se investir no plantio e trato de vegetação nativa. Para recuperar as áreas, a companhia utiliza espécies nativas e diversas, podendo chegar a 100 espécies diferentes.

Até o momento, a Mombak já anunciou dois acordos de fornecimento de crédito de carbono, um com a Microsoft, que vai até 2032, e outro com a McLaren. No acerto com a Microsoft, a empresa fechou a venda de 1,5 milhão de créditos de carbono por US$ 100 milhões. A startup não informa o valor do contrato com a McLaren, apenas que cada crédito de carbono saiu por US$ 50.

O fundo tem como objetivo reflorestar de 10 mil a 12 mil hectares. Até o momento, o fundo tem dez fazendas compradas ou em processo de aquisição, todas no Pará, que têm, somadas, mais de 7 mil hectares — alguns já receberam plantios há mais de um ano.

Segundo Fernandez, um hectare das fazendas gera cerca de 700 toneladas de crédito de carbono ao ano. O cálculo considera o sequestro que ocorre em florestas nativas próximas às áreas que a Mombak refloresta.

As metas do “Arco da Restauração” mostram que será preciso muito mais projetos como o da Mombak e da re.green. O projeto tem como objetivo restaurar 6 milhões de hectares em um faixa que pega as faixas sul e leste do bioma, do Acre ao Maranhão, e de capturar 1,65 bilhão de toneladas de carbono até 2030.

“O BNDES, como um banco inovador do desenvolvimento, está à frente dessa iniciativa, assim como também liderou os investimentos em energia renovável, em eólica e solar, quando ninguém ainda acreditava. O Brasil pode ser uma potência em restauro de florestas”, disse, em nota, o presidente do banco, Aloizio Mercadante.

(Correção: a versão anterior desta matéria informava que, em seu primeiro fundo com investidores, a Mombak “havia captado apenas via negociação de fatias do negócio”. O correto é “fatias dos projetos de reflorestamento”. O texto foi corrigido)

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